“Porto Belo tem uma das melhores baías naturais do Brasil: perfeita para embarcações, passeios e história.”

“Refúgio seguro desde a era colonial: a baía de Porto Belo combina proteção natural e beleza cênica.”

Sabia que a Primeira Comunidade Colonial de Pescadores do Brasil foi em Por Belo/SC? Pois é, muito antes da chegada dos colonizadores, a região onde hoje está Porto Belo era habitada por povos indígenas ligados à cultura dos sambaquis: montes construídos com conchas, restos alimentares e artefatos que indicam ocupações humanas entre 5.000 a.C. e 1.000 a.C. Esses povos já praticavam a pesca e a coleta de forma sustentável, estabelecendo as primeiras comunidades litorâneas conhecidas do Brasil.

Com o avanço da colonização portuguesa, a enseada passou a ser reconhecida pelos navegadores entre Laguna e Desterro (atual Florianópolis). Um porto natural de tirar o fôlego. Assim é a baía de Porto Belo, considerada uma das mais seguras e bem protegidas do Brasil. Com águas tranquilas, pouco impacto de marés e localização estratégica. A partir de 1817, chegaram imigrantes portugueses vindos da vila de Ericeira, tradicional comunidade pesqueira de Portugal. Em 25 de março de 1818, por decreto de Dom João VI, foi oficializada a Colônia Nova Ericeira, na então chamada Enseada das Garoupas (atual Porto Belo). Essa data marca a fundação da primeira comunidade colonial de pescadores oficialmente estruturada no Brasil, antecedendo em mais de um século a criação das colônias formais da Marinha.

A atividade pesqueira, porém, não foi apenas um modo de sobrevivência. Desde seus primórdios, Porto Belo construiu uma identidade cultural fortemente ligada ao mar, com práticas coletivas, familiares e sustentáveis. A fundação da Colônia de Pescadores Z-8, ainda no período colonial, reforçou a organização local dos trabalhadores do mar, atuando como representação sindical e associativa dos pescadores artesanais, sendo assim, um marco na defesa de seus direitos e valorização da pesca tradicional.

Um dos pilares dessa tradição é a pesca da tainha por cerco (arrastão), praticada entre maio e julho. Canoa de um só tronco, redes feitas à mão e o esforço coletivo de famílias inteiras são parte de um ritual que vai além da pesca: é uma expressão cultural e comunitária. Os ranchos de pesca, as canoas, os remos e os próprios pescadores foram declarados, em 2024, Patrimônio Histórico, Cultural Material e Imaterial de Porto Belo. Em 2025, o uso tradicional das áreas costeiras foi legalmente reconhecido pelo governo federal em parceria com o município, garantindo segurança jurídica na prática.

A estrutura social da comunidade segue ancorada na cooperação familiar e na presença ativa em espaços de decisão, como o Conselho Municipal da Pesca, previsto na Lei Orgânica local. Essa articulação entre tradição, política e preservação cultural fortalece a permanência da atividade artesanal, que também tem papel central na segurança alimentar e no tecido comunitário de Porto Belo.

Apesar da riqueza cultural e da história profunda, o município sofreu uma separação territorial e administrativo em 1992, com a emancipação de Bombinhas, que até então fazia parte da então Península de Porto Belo. A separação representou a diminuição de território costeiro, arrecadação e influência regional, obrigando o município a redefinir suas prioridades econômicas e políticas. Desde então, Porto Belo investiu em turismo sustentável, na valorização do patrimônio pesqueiro, no fortalecimento das práticas comunitárias e atualmente tem experimentado uma fase de renovação, transformação urbana à modernização de Porto Belo.

Hoje, é reconhecido não apenas por suas belezas naturais, mas por ser um território onde a memória viva da pesca artesanal resiste e se reinventa, integrando elementos indígenas, coloniais e caiçaras. Uma comunidade que nasceu da relação íntima com o mar e segue navegando por ele, com raízes profundas e olhos no futuro inovador sem esquecer de onde veio.

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